3 de agosto de 2022

Telemedicina: os futuros médicos estão preparados para essa nova realidade?

A pandemia de Covid-19 continua sendo foco de atenção na área médica. Em março de 2020 os casos começaram a aumentar, e desde então os profissionais da área da saúde têm enfrentado uma série de desafios, não apenas no que se refere ao novo coronavírus, mas também com outras doenças ou emergências médicas que fazem com que diversas pessoas precisem buscar atendimento hospitalar ou nos consultórios médicos.

Após a recomendação de isolamento social que visava minimizar o contágio, a telemedicina, que já estava se destacando no Brasil, ganhou ainda mais espaço, como uma alternativa de atendimento segura e eficiente. Essa forma de prestação de cuidados médicos faz uso das telecomunicações como suporte e tem como principal objetivo trazer mais dinamismo, qualidade e acessibilidade aos serviços de saúde, especialmente para pacientes que enfrentam barreiras, como restrição econômica, falta de transporte, etc.

De maneira geral, a telemedicina também representa uma redução de custos para a área da saúde, uma vez que dispensa certas ineficiências na prestação de cuidados com a saúde, o que pode acarretar a redução de pacientes presenciais, tempo de viagem e tempo de espera. Ela ainda se apresenta como uma excelente alternativa para consultas especializadas, avaliações pré-operatórias, acompanhamentos pós-operatórios e avaliações de cuidados primários.

O uso do atendimento a distância está crescendo de forma significativa, o que torna cada vez mais necessário o treinamento dos futuros médicos para que possam exercer a telemedicina com excelência, principalmente se considerarmos a alta possibilidade de expansão desse modelo de atendimento mesmo após a pandemia. Com isso em mente, é importante analisar se os futuros médicos estão preparados para essa nova realidade.

Nesse ponto é importante reforçar que as futuras gerações de profissionais da saúde cresceram na era da tecnologia e essa familiaridade com a tecnologia deve ser cultivada no ambiente acadêmico, para garantir que eles desenvolvam as habilidades necessárias para incorporar a telemedicina na prática. No entanto, para chegarmos nesse patamar, é preciso que a telemedicina comece a ser incentivada nas universidades.

Principais desafios

Um estudo realizado pelo Departamento de Medicina de Emergência, da Universidade George Washington, aponta que ainda faltam pesquisas para mostrar se os estudantes de Medicina e residentes nos Estados Unidos estão recebendo exposição adequada à telemedicina. Além disso, as universidades e programas de residência não possuem um guia uniforme para as competências dos alunos em telemedicina, assim como acontece em outras especialidades. Esse é um dado preocupante, especialmente se considerarmos que estamos falando de um país mais avançado que o Brasil nesse modelo de atendimento. 

O estudo também revela que a cada ano acadêmico a porcentagem de escolas que oferecem cursos de telemedicina aumenta, chegando a 60% em 2018.

Fonte: Departamento de Medicina de Emergência, da Universidade George Washington 

Entre os principais desafios apontados pelo estudo, para que a implementação da educação em telemedicina aconteça, está a mudança na cultura, ou seja, é de extrema importância que a tecnologia atue como um componente central das escolas de medicina e que elas contem com uma equipe de médicos para que seja possível implementar competências clínicas, inovar os fluxos de trabalho de tecnologia clínica, supervisionar o desenvolvimento de alunos e professores, estabelecer políticas e métodos de avaliação, além de considerar o uso apropriado das mídias sociais e da telemedicina.

É um consenso entre professores, alunos e profissionais da saúde que a interação com a telemedicina durante o período de graduação é uma importante ferramenta educacional capaz de auxiliar na compreensão das competências essenciais na aprendizagem baseada na prática, no conhecimento e na assistência ao paciente.

Para isso, a preparação e o treinamento contínuo daqueles que praticam a telemedicina também são fundamentais, uma vez que ajudam no desempenho dos serviços profissionais da saúde e na expansão da telemedicina, tanto nas universidades como no dia a dia da população.

Aqui é importante ressaltar também que, para que a prática global da telemedicina possa crescer e para que as próximas gerações de profissionais da saúde estejam preparadas para isso, é de extrema importância que haja uma certa padronização das leis. Uma das maiores preocupações até o momento está relacionada à privacidade dos dados, que deve ser garantida não apenas pelos dispositivos que facilitam a telemedicina como pelos profissionais da saúde.

Estamos preparados?

A familiarização dos estudantes de medicina com a telemedicina é essencial, visto que essa forma de atendimento segue como uma grande tendência no mundo todo. Infelizmente, nem todos os profissionais que já atuam entendem as possibilidades que a telemedicina pode oferecer, seja por falta de conhecimento em tecnologia, seja pelas lacunas na legislação atual.

Sendo assim, para que as próximas gerações se sintam preparadas e confortáveis com a telemedicina, ainda existe uma longa jornada pela frente. É preciso examinar mais detalhadamente onde e como a educação e o treinamento podem ser encaixados na grade curricular das universidades e nos programas de residência, para que todos os alunos consigam receber pelo menos um nível básico de conhecimento na área.

É necessário que futuros médicos e profissionais da saúde estejam equipados para que a telemedicina seja amplamente explorada e utilizada de forma útil no que se refere ao atendimento da população, principalmente em favor daqueles quem não possuem acesso a um atendimento médico de qualidade. Essa reflexão pode transformar os métodos de implementação da telemedicina na educação em um estudo bastante promissor, e quem perceber isso sai na frente e, consequentemente, se destaca em um futuro próximo.

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